sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A ti.



"A pedra fria assentava tão mal em ti. Nem queria acreditar. Desfazias o vinco das calças que sempre preservaste e defendeste como bandeira. Deitado, sem as colagens, sem as línguas, sem ninguém que se preocupasse em perceber o que dizias. Queria tanto contar-te os meus nadas. Aqueles que sempre viravas para gigantescas conquistas. Interessavas-te por tudo menos por isto. Estavas tão magro, parecias feito de pau, rijo, frio, sem respirar, sem rir. O teu nariz, enorme, fazia de ti uma personagem sinistra, tão pouco próxima de ti, tão longe de nós. Luís, repito, luís, angustiou-me ver-te assim. Esta morte, qualquer uma, não era para ti. És feito de vida e vais ficar sempre por aqui."

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