terça-feira, 30 de setembro de 2008

Só por hoje


Existe um espaço entre nós ocupado pelo silêncio. É nele que repouso, fecho os olhos e observo a respiração que me conduz ao mais profundo de mim. Ás vezes apetece não sair daqui e perdurar na ausência de tempo, como se só assim fosse possível encontrar o caminho para a paz que tanto anseio. E é tão bom estar de regresso a casa… QUERO FICAR AQUI!!!

Subitamente os pés aterram num mundo que já não é o meu, num mundo que de tão apertado, deixou de me servir. Por isso tenho dias em que me sinto uma intrusa a espreitar este planeta pelo buraco da fechadura. Como se de uma estranha se tratasse, paro para observar o comportamento humano. Porque é que muitas vezes lhes vejo mexer a boca sem que dela saíam palavras de amor? Porque é que eu escolhi viver no meio deles e não aceitar que faço parte da mesma tribo? Porque é que dói tanto quando me apercebo que ainda não aceitei e perdoei a minha sombra? Porque é que todo o caminho percorrido com amor pode desaguar num fosso de ódio e medo? Porque é que custa tanto aceitar que em nós habita o Sol e a Lua? Porque é que ninguém nos ensina a amar a dualidade e a aceitar a luz e a sombra que acolhemos neste corpo físico? Porque é que muitas vezes esqueço o que já relembrei e me comporto como uma criança arrancada dos braços da mãe? Porque é que tenho tanta dificuldade em lidar com a polaridade liberdade/condicionamento? Porque é que tenho duas vozes diferentes dentro de mim? A qual devo dar ouvidos? Qual delas preciso de escutar para que continue a cumprir o meu plano evolutivo?

Depois é o medo do que os outros possam pensar, da figura à beira do gozo de que posso ser alvo. Mantenho presentes as palavras “o que pensas e dizes de mim, não me diz respeito”. Na espontaneidade dos actos reconheço o divino e agradeço a revelação. Nada é de fora para dentro. Nada. Isto podia tornar tudo mais fácil, mas é mentira. Quando nos damos conta desta verdade, deixamos de conseguir apontar o dedo ao outro e começamos a inverter os papéis. Nós somos os únicos responsáveis pela nossa realidade, os outros o espelho das arestas que temos de limar e dos saltos quânticos que vamos fazendo ao longo da viagem. A impermanência de todos os elementos grita-me aos ouvidos “nada te pertence”. E hoje, mais do que nunca, quero voltar para casa. Só por hoje.

No céu azul revejo os episódios que agora fazem todo o sentido. Cada peça que encaixo revela um pouco mais sobre o sentido da vida. Na quietude dos dias que passam sorrio por me ter permitido acreditar que era possível. Eu Sou feliz.


1 comentário:

GeoQui disse...

So por hoje nao separes ou compares, nao julgues, aceita, ama a tua sombra como amas luz e descansaras na paz da pleinitude...